Efeitos climáticos traçam cenário desafiador para o agronegócio em 2023

Seguros

São Paulo, fevereiro de 2023  — 2022 foi um ano difícil do ponto de vista climático para agricultores de todo Brasil. Para se ter uma ideia, dentro do programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), do Ministério da Agricultura, as indenizações alcançaram o recorde de R$7,7 bilhões no primeiro semestre de 2022. 

Até agosto de 2022, a quebra de safra por problemas climáticos levou ao pagamento de indenizações a produtores, o montante de R$9,5 bilhões, uma alta de 131,6%. O valor supera o total arrecadado pelas seguradoras, de R$8,9 bilhões, nos primeiros oito meses do ano em questão, 45,4% maior comparado ao mesmo período de 2021, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), consolidados pela CNseg, a confederação nacional das seguradoras.

Ao longo de 2023, previsões indicam que o La Niña se dissipará e dará lugar ao El Niño — ambos partes de um mesmo fenômeno atmosférico-oceânico —, mudando drasticamente o clima em todo o País

Essa projeção deverá mudar completamente o panorama climático do Brasil, além de influenciar diretamente na estação chuvosa de 2023/2024 e impactar nas safras que serão produzidas neste período.

Até lá, em outras palavras, o clima poderá prejudicar demasiadamente o Norte e o Nordeste brasileiro. Regiões que tendem a sofrer com as secas e a vivenciar problemas graves de abastecimento de água, por exemplo. Já as regiões Sul e Sudeste devem se beneficiar com um aumento das chuvas e da temperatura.

Essa instabilidade climática está fazendo com que agricultores de todo Brasil se antecipem na busca por crédito agrícola e seguro rural. Um exemplo do reflexo desse comportamento é que, no final de 2022, a seguradora MAPFRE atingiu o montante de R$ 1 bilhão de prêmios emitidos em seguros rurais pela primeira vez no País, incluindo todos os ramos, de Agrícola a Patrimonial Rural.

O agricultor busca estabilidade financeira 

Após duas safras consecutivas com perdas históricas, os produtores brasileiros que não tinham nenhum tipo de seguro tiveram um impacto financeiro significativo. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) a safra 2021/2022 sofreu perdas de R$70 bilhões com a estiagem. Desde 2019, a perda média de rentabilidade por safra está em R$45 bilhões. 

De acordo com as perspectivas para 2023, os fenômenos climáticos devem continuar impactando o agronegócio e, diante da previsão de safras catastróficas, a importância do seguro rural para gestão de risco do agricultor se torna ainda mais evidente.

De acordo com Julia Guerra, diretora da especialidade de Agronegócios da Lockton do Brasil — maior corretora e consultoria independente de seguros privados do mundo —, as secas e/ou períodos longos de chuvas em diferentes regiões do Brasil afetaram por anos muitas propriedades rurais. “Após amargar prejuízos incalculáveis, os produtores brasileiros começaram a compreender o papel do seguro rural no seu cotidiano. A sustentabilidade da lavoura se dá quando se tem segurança e estabilidade, mesmo diante dos riscos eminentes ao negócio”, ressalta.

A especialista esclarece, ainda, que “os produtores rurais passaram a entender melhor sobre o produto e nós passamos a administrar o seguro de uma forma que realmente funcione como proteção para a safra em si, não se tratando de custo, e sim com uma visão que o seguro seja um investimento”, pontua Guerra.

A profissional revela que o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) oferece ao agricultor a oportunidade de segurar sua produção com custo reduzido, por meio de auxílio financeiro do governo federal.  Tal auxílio possibilita a contratação de uma apólice de seguro para cobrir eventuais perdas de safra. O programa existe desde a safra 2005/2006 e contempla percentuais de subvenção de até 40%, conforme a modalidade rural amparada.

O impacto do clima na produção de café

Em 2022 as adversidades climáticas causaram impacto negativo na produção cafeeira brasileira, como é o caso de secas e geadas que prejudicaram o desenvolvimento das plantações de café e impactaram no volume da safra.

No entanto, as precipitações também afetaram a produção de café. Exemplo disso são as fortes chuvas que atingiram o Sul de Minas. Em apenas uma semana, produtores rurais de café da região tiveram prejuízos de mais de 4 milhões de reais com a chuva de granizo, segundo levantamento feito com produtores e sindicatos locais.

Troca de experiências na FEMAGRI

Com a volta da edição presencial de mais uma edição da FEMAGRI, que acontece entre os dias 8 a 10 de fevereiro, em Guaxupé, os cooperados da Cooxupé terão a oportunidade de compartilhar conhecimentos e trocar experiências sobre o uso e os benefícios do seguro rural. 

Nesta edição, pela primeira vez, a corretora Lockton estará presente na feira e disponibilizará seus consultores para sanar dúvidas e explicar as nuances de como funciona o seguro rural sob medida. 

O presidente da Cooxupé Carlos Augusto Rodrigues de Melo tem uma expectativa muito positiva para esta retomada. “As edições virtuais nos surpreenderam positivamente. No entanto, nosso objetivo agora é focar na entrega de uma feira bem estruturada, que o cooperado possa voltar a se integrar e compartilhar esta oportunidade”, conclui.