Sérgio Favarin*
A rápida evolução da Inteligência Artificial (IA) vem transformando profundamente o setor bancário e financeiro. A capacidade de processar grandes volumes de dados e desenvolver o Machine Learning (ML) com eles, aliada à personalização das interações, já permite que as instituições financeiras ofereçam soluções mais adequadas e eficientes. E, neste sentido, o aprimoramento de chatbots e assistentes virtuais pode trazer grandes benefícios tanto para as empresas quanto para os clientes.
Associadas com os dados do Open Finance, a IA e chatbots permitem a oferta de soluções financeiras de maneira cada vez mais automatizada e personalizada. Isso não apenas melhora a eficiência operacional dos bancos e instituições financeiras, como também cria uma experiência de maior valor para os clientes, gerando melhores taxas de conversão em ofertas de crédito e financiamento, além de proporcionar soluções mais adequadas e seguras.
Esse Sistema Aberto de Finanças ganhou um importante impulso na sua gradativa abrangência no mercado brasileiro com a Resolução Conjunta n° 10 de 4/7/2024, pela qual o Banco Central estendeu a obrigatoriedade de participação no compartilhamento de dados via Open Finance a instituições individuais ou pertencentes a conglomerados com mais de 5 milhões clientes. Ela passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2025, ano em que se espera que o número de usuários deste sistema atinja os 60 milhões.
Até aqui, há 32 milhões de usuários únicos inseridos no Open Finance nacional, com um total de 52 milhões de consentimentos – dos quais 30 milhões advindos de pessoas físicas. No setor empresarial, apenas 1% das 22 milhões de companhias registradas no Brasil compartilham os seus dados dentro do sistema, o que dá uma boa dimensão do potencial ainda a ser revelado. Tais números também nos ajudam a compreender como a tecnologia pode fazer também uma diferença extra nas relações entre instituições e consumidores.
O Open Finance, ao disponibilizar dados financeiros de forma segura e padronizada, amplifica ainda mais o potencial da IA. Com acesso a um conjunto mais amplo e detalhado de informações, os algoritmos de IA podem produzir uma série de insights estratégicos, como análises de perfis financeiros dos clientes de forma mais precisa (com necessidades e comportamentos); oferecer serviços e produtos personalizados a partir de um perfil detalhado; ou antecipar comportamentos e necessidades dos clientes via análise comportamental.
Os chatbots e assistentes virtuais adicionam uma experiência de qualidade extra a todo esse ecossistema virtuoso, com atendimento personalizado 24/7 para dúvidas, suporte e transações, de maneira rápida e eficiente. O que permite ainda a redução de custos operacionais com automatização de tarefas repetitivas e uma jornada para o cliente mais satisfatória, impactando positivamente na fidelização junto às instituições financeiras, seus produtos e parceiros.
Muitos pontos aqui expostos já estão sendo considerados no mercado e nas relações comerciais. A análise de crédito e financiamento (concessão mais rápida e precisa com a análise de um amplo volume de dados de cada cliente); o gerenciamento de riscos em torno de volatilidade mercadológica e inadimplência; e a detecção de atividades fraudentas integram o arcabouço de atividades com a participação da IA dentro das instituições financeiras. O mesmo acontece na segmentação que entrega ações de marketing personalizadas que, bem direcionadas e abastecidas pela análise de sentimentos, se tornam mais eficazes.
No mercado financeiro, a IA vem ganhando espaço ao analisar o perfil de risco, objetivos financeiros e histórico de investimentos de cada cliente para recomendar uma carteira de investimentos personalizada. Além disso, ela pode monitorar o desempenho de um portfólio de investimentos em tempo real, rebalanceando-o automaticamente quando necessário e, com modelos preditivos, avaliar grandes conjuntos de dados para identificar tendências de mercado, auxiliando os gestores de investimentos a tomar decisões mais informadas.
Todos esses ganhos por meio da combinação da IA, assistentes virtuais, chatbots e Open Finance devem ser celebrados, porém o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de todo o ecossistema devem ser permanentes. A qualidade dos dados para treinamentos de algoritmos de IA, e as questões relacionadas à privacidade e segurança digital, demandam vigilância e atitudes contundentes dentro de órgãos reguladores e instituições. Com cada elemento no seu devido lugar, o já confiável sistema financeiro e os seus clientes só têm a ganhar.
*Sérgio Favarin é Business Vice President da GFT Technologies no Bras