Aumenta o número de usuários do LinkedIn após demissões em massa pelas bigtechs

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Conhecido como um dos aplicativos mais eficazes no quesito vagas de emprego, nos últimos meses o LinkedIn demonstrou uma alta considerável no número de usuários cadastrados. Hoje, a plataforma afirma que possui mais de 875 milhões de membros, em cerca de 200 países diferentes. Entretanto, um motivo curioso pode ter sido decisivo para o crescimento de usuários: as demissões em massa nas bigtechs. 

Estamos acompanhando um fenômeno de demissões com números surpreendentes, desde o ano passado. Grandes empresas do setor de tecnologia estão anunciando a dispensa de milhares de funcionários de uma só vez. Ao contrário do que alguns acreditam, esta não é a primeira crise no mercado tech. No ano 2000, aconteceu o que chamamos de “bolha ponto com” ou “dot-com bubble”, em inglês. Acontece que, o ineditismo da internet direcionou a abundância de dinheiro às startups de tecnologia. Essas, passaram a valer milhões ou bilhões de dólares repentinamente e com o estouro desta hipervalorização, decorrente da perda de financiamentos de risco e investimentos especulativos, mais de 500 empresas do setor colapsaram, levando à demissão de centenas de pessoas. E então, será que estamos passando por isso de novo? 

É imprescindível dizer que vários especialistas, ainda inseridos no setor, presenciaram o desenrolar da bolha ponto com. Este é o caso de Walmir Torrente, programador autodidata há 30 anos e CEO da Bit One, desenvolvedora internacional de softwares bancários. De acordo com ele, o fenômeno atual de demissões em massa tem motivos semelhantes com o dos anos 2000: “Até o início do ano passado, tínhamos uma inflação baixíssima no mundo inteiro, coisa que não acontecia há décadas e muito do capital mundial estava alocado em ações ou projetos de tecnologia, que são altamente rentáveis. Mas, com a alta da inflação no mundo, esse dinheiro automaticamente migrou para outros tipos de investimentos do mercado. O custo e o risco das operações subiu muito e assim, os investidores retiraram o dinheiro das empresas de tecnologia e inseriram em outros lugares. Vale lembrar que a pandemia também impulsionou a progressão dos processos online e depois, deu uns passos para trás”. 

De acordo com o Layoffs.fyi, portal de rastreamento de demissões, cerca de 16 mil profissionais da área de tecnologia estão sendo demitidos por dia. O curioso é que, dados do Empregos.com afirmam que neste momento, existem mais de 10 mil vagas em aberto no setor, somente no Brasil. Sobre o desenrolar da ocupação destes espaços, Walmir afirma: “Há muitas empresas querendo contratar e não há pessoas suficientes para suprir essas vagas. Um dos motivos é que grande parte delas exigem qualificações ilógicas e não pagam salários proporcionais. Além disso, os especialistas mais experientes estão justamente alocados nas big techs. Então, o que tende a acontecer é: os especialistas demitidos das empresas de grande porte, voltarão ao mercado e preencherão outros projetos, reduzindo este número de vagas desocupadas”. 

Relembrando a fácil recolocação dos profissionais que foram dispensados ainda no primeiro estouro da bolha, Walmir reforça que a tecnologia continua sim, sendo a área do futuro: “O setor tech vai crescer sem pausas e a razão é simples: o mundo está se virtualizando o tempo todo. As coisas inevitavelmente estão indo para o digital e será preciso contratar pessoas para suprir essa necessidade.”. O especialista confirma também, que os profissionais do setor não devem se preocupar com a falta de espaços: “Por mais que algumas vagas não ofereçam salários idênticos aos das big techs, a quantidade de aberturas e possibilidades do mercado de tecnologia não vai mudar em absolutamente nada”. 

Em suma, Walmir oferece dicas valiosas para aqueles que querem se prevenir e conseguir uma recolocação descomplicada no mercado: “A característica principal para quem quer se reposicionar é estar ativo, se desenvolver em uma tecnologia atualizada e de uso comum. Dominar sistemas com alta demanda é o principal. A segunda, é ter a mente aberta para encarar novas áreas e desafios. Profissionais com mente fechada tendem a ter mais dificuldades neste momento. Por fim, trabalhar o networking. Fazer contato com as empresas, estabelecer comunicação com pessoas já empregadas e atualizar sempre o LinkedIn é imprescindível para ocupar uma vaga de excelência”, finaliza.