População de baixa renda tem acesso à proteção com o microsseguro

Seguros

Por Christianne Piola*

Cada vez mais em evidência para a sociedade, o setor de seguros arrecadou R$ 355,96 bilhões em 2022, crescimento de 16,2% em relação a 2021. Entre ramos que têm evoluído a cada ano, como o seguro saúde, o vida ou os seguros de danos, vemos que população de baixa renda também está contratando proteção contra riscos, iniciando na cultura predominante nas classes média e alta.

Produtos desenvolvidos para a população de baixa renda, para os microempreendedores individuais e para as microempresas e as empresas de pequeno porte, os microsseguros, ou seguros inclusivos, alcançaram sua máxima histórica na arrecadação de prêmios, com uma receita de R$ 1,05 bilhão em 2022, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O acumulado no ano representa alta de 78% em relação a 2021, quando os microsseguros arrecadaram R$ 591 milhões.

Para incentivar essa toada de crescimento, no início de fevereiro a Susep prorrogou seu acordo de cooperação técnica com a Deutsche Gesellschaft Für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH no Brasil, conexa à Embaixada da República Federal da Alemanha em Brasília e mantenedora da Iniciativa de Acesso ao Seguro (A2ii), reforçando a promoção dos seguros inclusivos, como os microsseguros.

O microsseguro no Brasil pode ser um instrumento de poupança interna para a população de baixa renda. É considerado um seguro inclusivo por ter como característica a inclusão dessas famílias no planejamento financeiro – não garante fortuna e sim a subsistência. E, sem dúvidas, cumpre um papel social mais forte que as demais modalidades de seguro, por ampliar a resiliência dos que mais precisam.

Um microsseguro de vida é disponibilizado por um pequeno custo mensal e oferece indenização de valores perto de R$ 15 mil. Para pessoas que não possuem condições de contratar uma apólice para assegurar sua vida ou terminar de quitar sua dívida no caso de acontecer um imprevisto como morte, invalidez, incapacidade física ou desemprego, é de grande ajuda. Em caso de falecimento, o microsseguro não dará segurança financeira aos filhos até que cresçam e possam trabalhar, mas o capital segurado pode ajudar quem fica a organizar as contas por um tempo, ou até mesmo suprir custos com o funeral, por exemplo.

Há diversas coberturas que podem atender este nicho de mercado, reduzindo as vulnerabilidades das pessoas de baixa renda, claramente maiores que o restante da população, entre elas: despesas com funeral; microsseguro de danos residencial, incluindo serviços de assistência 24h; prestamista; oferta de cesta básica; além de uma linha de garantias facultativas, como Diária de Internação Hospitalar (DIH) ou Diária de Incapacidade Temporária (DIT). Além dessas já oferecidas, o mercado deve desenvolver novos produtos adaptados às necessidades e à realidade da população de baixa renda.

Na missão de todo o setor de ampliar a participação dos brasileiros nos seguros (e microsseguros), é necessário que as ferramentas de gestão de risco se tornem mais acessíveis, para que todas as pessoas fiquem menos vulneráveis aos riscos e catástrofes. Os microsseguros são a melhor forma de disseminação da cultura da proteção no Brasil e no mundo.

*Christianne Piola é Executiva com mais de 15 anos de experiência no mercado de seguros. Formada em Administração, possui MBA em Marketing e diversos cursos de especialização e gestão.