Desafios econômicos para o futuro Ministro da Fazenda

Finanças

Cristina Helena Pinto de Mello*

Existem enormes desafios para Fernando Haddad como novo ministro da Fazenda. Temos uma agenda de debates que se concentrou na política fiscal que olha essencialmente para a solvência governamental no longo prazo. Da mesma forma, ou com mesma intensidade há forte rejeição a uma política econômica intervencionista no sentido de se revelar uma agenda de escolhas políticas. 

É em torno destes medos e da necessidade de criar uma agenda propositiva, inclusiva e indutora de crescimento econômico que se desenvolveu a escolha do futuro Ministro da Economia. A escolha por Haddad aparece em uma antiga configuração da área, dissolvendo o Ministério da Economia do atual governo. 

Haddad é excelente gestor público. Seu passado na Secretaria de Finanças, na prefeitura da cidade de São Paulo e no Ministério da Educação, revelam sua habilidade na composição de equipes, definição de agenda, comportamento ético, comprometimento e entregas estratégicas e relevantes. É claramente um grande negociador político e estrategista. Terá habilidade em fazer uma política econômica direcionada ao crescimento mantendo a evolução da dívida sob controle. Seu compromisso com o equilíbrio fiscal e senso de urgência se revelou quando apoiou o ex-ministro da economia Joaquim Levy, na tentativa de ajuste fiscal do governo  de Dilma Rousseff.  É um nome capaz de afastar os temores de uma intervenção com agenda política no mercado e, em lugar disso, capitanear um Estado capaz de promover orientação ao desenvolvimento econômico, articulador e apoiador de estratégias que gerem renda e emprego. 

Esperamos que o anúncio do nome para a pasta acalme o mercado. Ao mesmo tempo, o impacto inicial esperado era um aumento na taxa de câmbio e uma queda na bolsa. Movimentos de tesouraria que vão se ajustar ao novo desenho e que, ao que parece, já foram parcialmente realizados. 

O que se espera de Haddad?

Retomada do crescimento econômico apoiado fortemente na recuperação do consumo e ações de mitigação da desigualdade e direcionadas à redução da miséria. Uso das instituições públicas em favor da oferta de crédito e incentivos fiscais no curto prazo com diálogo e articulação para uma agenda de crescimento da renda e do emprego e inserção econômica internacional relevante em um cenário global desafiador. 

*Cristina Helena Pinto de Mello é professora de Economia e diretora da Área de Sucesso Docente e Discente da ESPM. Doutora e Mestre em Economia de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas.