Rio de Janeiro, 23 de outubro de 2024 – “Os riscos climáticos representam uma ameaça para a estabilidade financeira mundial e somente por meio da consideração e avaliação desses riscos será possível a transição para uma economia de baixo carbono. E nesse cenário, o setor segurador desempenha um papel fundamental”, afirmou o especialista em sustentabilidade da CNseg, Pedro Werneck, em webinar organizado pela Associação de Companhias de Seguros da Costa Rica. O evento teve o objetivo de compartilhar com o setor segurador da Costa Rica a experiência da CNseg com o projeto “Construindo seguros para transição climática” (Insuring the climate transition in Brazil), que avançou na compreensão dos impactos financeiros dos riscos climáticos no setor de seguros no Brasil.
Durante webinar, Pedro apresentou os entregáveis e os desdobramentos deste projeto que contou com a participação de 21 empresas de seguros líderes no País e teve 15 meses de duração. Realizado em colaboração com a UNEP FI, o projeto piloto foi dividido em quatro etapas: a capacitação; o desenvolvimento de uma ferramenta de avaliação qualitativa de riscos climáticos físicos (Mapa de Calor); o desenvolvimento de uma ferramenta quantitativa de riscos climáticos físicos (NatCat Model); e um relatório final e workshop.
O Mapa de Calor – primeira ferramenta desenvolvida – apresenta uma visão macro da exposição geográfica brasileira a 11 riscos climáticos físicos, considerando dois cenários climáticos (aumento de 2°C e de 4°C) e dois horizontes temporais (2030 e 2050). Os resultados auxiliam as seguradoras na identificação de áreas geográficas com maior exposição a riscos decorrentes das mudanças climáticas. Isso permite a priorização de estratégias de gestão de riscos e de alocação de recursos de maneira mais eficaz, via correlação dessa exposição às suas linhas de negócios e produtos de seguro.
A outra ferramenta é o “Modelo de Catástrofe Natural”, que, com base em dados históricos e na ciência climática, projeta perdas econômicas futuras para carteiras de seguros residencial, condomínio e empresarial, considerando o aumento dos riscos de inundações urbanas. Essa ferramenta possibilita que as seguradoras estabeleçam seus limites de apetite ao risco em cada região e otimizem seus objetivos estratégicos, fortalecendo sua resiliência financeira.
O especialista da CNseg ressaltou que a viabilização do projeto pela CNseg foi crucial para as seguradoras, especialmente no contexto regulatório do Brasil após a publicação da Circular Susep 666/2022, que estabelece os requisitos de sustentabilidade a serem seguidos pelo setor. Além disso, ambas as ferramentas proporcionam às seguradoras insumos para tomar decisões de negócios mais informadas sobre riscos climáticos, considerando as vulnerabilidades de suas carteiras.