Selic a 10,75% faz consórcio se destacar em relação a financiamento imobiliário; veja comparação

Finanças

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) realizou nesta terça-feira a reunião que culminou no aumento da taxa básica de juros da economia, a Selic, para 10,75%. Essa foi a primeira elevação da taxa em mais de dois anos. Antes, a taxa era 10,5% ao ano. O boletim Focus, em que o BC capta previsões de instituições financeiras, elevou a projeção da inflação em 2024 e vê a Selic em 11,25% no fim do ano. Será que esse cenário coloca o consórcio como opção mais vantajosa do que o financiamento imobiliário para obter a casa própria?  

Entre aderir a um consórcio ou firmar contrato de financiamento imobiliário, com a taxa básica de juros da economia em 10,75%, há uma opção que sai muito mais em conta. Comparada com o financiamento, a compra programada por meio de um consórcio traz ainda mais vantagens financeiras, visto que o consórcio não tem juros, não precisa de entrada e o custo final pode ser até dez vezes menor que o do financiamento, segundo especialistas.

Para Luís Toscano, vice-presidente de Negócios da Embracon, uma das maiores administradoras independentes de consórcios, ao contrário do que se pode pensar, a taxa Selic não influencia diretamente o setor. “De fato, as altas taxas de juros e novos hábitos de consumo impulsionaram o mercado de consórcios em 2024, mas não é correto afirmar que o consórcio sofrerá retração ou crescimento em um cenário com juros mais altos. Quando falamos em mercado aquecido, com o consumo lá em cima, o setor acompanha. Por outro lado, quando enfrentamos um cenário de retração, de questões políticas e econômicas complexas, a população tende a poupar. Nesses momentos, quem busca o consórcio não busca uma ferramenta de compra e aquisição, mas um porto seguro”, explica.

O executivo ainda explica que ao contrário do financiamento, em que os juros são cobrados por ano, as taxas do consórcio são definidas pelo período de parcelamento. Ou seja, se um cliente adquiriu um bem em um consórcio e acordou de pagar o valor com juros de 20% em 20 anos ele pagará o equivalente a 1% ao ano. “Não existe concorrência entre uma modalidade e outra porque são feitas para cenários diferentes. O comportamento do consumidor evoluiu muito e hoje, ele sabe que o planejamento financeiro deve fazer parte da sua vida. O consórcio é o melhor meio para a aquisição de bens e serviços e destaca-se pelas vantagens econômicas”, avalia o executivo.

Nos planos de consórcio para imóveis, há uma atualização anual do crédito e parcelas pela inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em alguns casos, pode ser usado o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) ou Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Isso pode variar dependendo da administradora do consórcio, porém, tem como objetivo garantir o poder de compra dos consorciados contemplados. No ano de 2024, em agosto, o IPCA acumulado dos últimos doze meses foi de 4,24%.

Entre janeiro e julho, o setor de consórcios movimentou mais de R$ 93,34 bilhões em vendas de imóveis, um crescimento de 17%, segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Os quase 60 mil consorciados contemplados, ou seja, pessoas que receberam o crédito total de sua cota por meio de sorteio mensal ou lance, de janeiro a junho deste ano, proporcionaram potencial injeção financeira de R$ 11,09 bilhões no mercado imobiliário.