É possível uma empresa se pautar não apenas pelo lucro, mas também pela sustentabilidade do negócio pelos princípios ESG – sigla em inglês para meio ambiente, social e governança? A AHK Paraná (Câmara Brasil-Alemanha) acredita que sim e, por isso, defende que, além de produzir e movimentar a economia, a organização também promova benefícios sociais e ambientais. Esses pilares estarão em alta ao longo de 2023, especialmente após a realização da COP-27, Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, realizada em novembro no Egito.
Mas como uma empresa pode aderir aos princípios ESG e, principalmente, colocá-los em prática? Quem responde e orienta é a CEO da Roadimex Ambiental e Head do Impacto+, Cris Baluta, também coordenadora do GIEMA/SG (Grupo de Intercâmbio de Experiências em Meio Ambiente) e conselheira da AHK Paraná. “Não se vive e não se viverá mais sem ESG. As empresas que não seguirem por esse caminho não terão a sua perenidade garantida”, afirma.
Cris Baluta explica que o primeiro passo é garantir o total engajamento dos líderes envolvidos. “É por meio das lideranças que serão respaldadas as ações que envolvem desenvolvimento, acompanhamento e aplicabilidade dos pilares ESG”, complementa.
A CEO destaca que a popularização das práticas ESG trouxe preocupação com a efetividade das ações. “Muitas empresas atualmente acham que estão praticando ESG, mas na prática o que fazem é simplesmente filantropia, ou seja, ações que não são de impacto e que não têm solidez”, explica.
A orientação é que as empresas interessadas em aderir aos princípios devem, antes de qualquer atitude, criar um comitê interno. O primeiro passo do comitê será disseminar o tema internamente e ir a fundo. A partir dele, a empresa consegue criar indicadores que serão mapeados e monitorados. Essa é a etapa fundamental para quem vai planejar a inserção dos critérios ESG, que mostrarão ao público externo que, além de produzir e movimentar a economia, a organização também promove benefícios sociais e ambientais.
Aqui caberia ressaltar, segundo a CEO, que é importantíssimo se trazer para esse comitê interno, um agente externo, pois isso trará imparcialidade aos temas que deverão ser abordados e discutidos.
Um outro passo é garantir uma certificação ou atestado de sustentabilidade, pois não basta implantar os pilares ESG, é preciso garantir que eles sejam reconhecidos. E o reconhecimento é feito por selos ou atestados, que garantem ao mercado que aquela empresa atua e toma medidas específicas para melhorar as condições ambientais, sociais e econômicas da sociedade na qual está inserida.
Quais as vantagens do ESG?
O GIEMA/SG (Grupo de Intercâmbio de Experiências em Meio Ambiente) da AHK Paraná tem trazido o tema de forma recorrente nos eventos realizados. “É preciso desmistificar e trazer clareza sobre o assunto. Quanto mais for discutido, maior será o ganho para todos”, acredita a coordenadora. “Os empresários devem se inteirar do assunto, pois é uma vantagem gigante para as empresas, é um valor agregado”, explica.
Além de melhorar a vida de todos, o ESG também melhora a gestão das empresas. Entre as principais vantagens estão: melhora do desempenho financeiro, aumento da confiança de investidores, conquista de novos clientes, fortalecimento da imagem da empresa, satisfação dos colaboradores e redução de custos e desperdícios.
A coordenadora do GIEMA/SG, CEO da Roadimex e Head do Impacto + garante que em 2023 a AHK PR irá cada vez mais se debruçar sobre o conceito ESG, fazendo com que seus eventos sejam mais participativos e voltados aos temas que moldarão as tendências de investimentos em 2023, dentre eles a questão da Descarbonização, Mercado de Carbono, Aceleração da agenda de Diversidade e Inclusão, o quão fundamental é a Transparência e o reforço na importância do engajamento dos envolvidos.
Origem do termo ESG
A sigla ESG surgiu em 2005 em uma conferência liderada por Kofi Annan, ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas, que resultou em um relatório chamado de “Who Care Wins”, ou, em português, “Quem se importa ganha”. Na época, 20 instituições financeiras de nove países diferentes, incluindo o Brasil, se juntaram à causa. O objetivo foi estabelecer alternativas e encontrar diretrizes e recomendações sobre como inserir questões ambientais, sociais e de governança corporativa na gestão de ativos, serviços de corretagem de títulos e pesquisas referentes ao tema.