*David Colmenares
No cenário atual, é inegável que as mudanças climáticas e os desastres naturais representam uma ameaça significativa em todo o mundo, especialmente para as empresas. O aumento das temperaturas, fenômenos climáticos mais intensos e constantes, e a elevação do nível do mar são apenas algumas das consequências visíveis das mudanças climáticas.
A crescente frequência e intensidade dessas calamidades – furacões, inundações, incêndios e secas prolongadas – preocupa as empresas, pois as operações sofrem implicações diretas e indiretas. A preocupação é real e necessária. Recentemente, a Allianz Commercial divulgou o Risk Barometer, que identifica os principais riscos para as empresas. O estudo destaca as preocupações corporativas mais importantes no ano e inclui contribuições de mais de 3 mil especialistas em gerenciamento de riscos de 92 países. Os riscos cibernéticos aparecem como principal risco global em 2024. No entanto, as catástrofes naturais e as mudanças climáticas também merecem a atenção das empresas.
Os desastres naturais estão entre os três principais movimentos no ranking, subindo três posições — do 6º para o 3º lugar. O ano passado foi o mais quente já registrado desde o início das medições e registros, e as perdas seguradas superaram US$ 100 bilhões pelo quarto ano consecutivo, impulsionadas pela conta de danos mais alta de todos os tempos, US$ 60 bilhões, devido a tempestades severas. Catástrofes naturais não apenas interrompem cadeias de suprimentos e operações comerciais, mas também podem causar danos físicos às instalações, resultando em perdas financeiras substanciais e danos à reputação da empresa. Além disso, os custos associados à reconstrução e à recuperação após uma catástrofe podem ser exorbitantes, levando a uma diminuição dos lucros e à necessidade de realocação de recursos que poderiam ter sido investidos em inovação e crescimento.
Por outro lado, as mudanças climáticas continuaram na sétima posição no ranking global, mas estão entre os três principais riscos empresariais em países como Brasil, Grécia, Itália, Turquia e México. No Brasil, as questões climáticas aparecem como principal risco para 2024. No ano passado, esse problema ficou em oitavo lugar.
Danos físicos aos ativos corporativos devido a eventos climáticos extremos mais frequentes e severos são uma ameaça-chave. Os setores de energia e industrial estão entre os mais expostos. As mudanças climáticas também contribuem para a volatilidade dos preços das commodities, escassez de recursos naturais e mudanças nas preferências dos consumidores. Empresas altamente dependente de recursos naturais, como agricultura, pesca, energia e manufatura, são particularmente vulneráveis a essas mudanças. A incerteza em relação às condições climáticas futuras torna ainda mais desafiador para as empresas planejarem estrategicamente e mitigarem os riscos associados.
Além disso, as empresas estão enfrentando uma pressão crescente de partes interessadas, incluindo investidores, clientes e reguladores, para adotar práticas mais sustentáveis e reduzir suas pegadas de carbono. Os riscos de transição para uma economia net zero e os riscos de responsabilidade devem aumentar no futuro, à medida que as empresas investem em tecnologias de baixo carbono, em grande parte não testadas, para transformar seus modelos de negócios.
Dado este cenário, é indispensável para as empresas reconhecerem os riscos das mudanças climáticas e das catástrofes naturais, e implementar estratégias proativas de mitigação e adaptação. Isso inclui investir em infraestrutura resiliente, diversificar cadeias de suprimentos, adotar práticas de produção mais sustentáveis, incorporar considerações climáticas nas análises de risco e desenvolver planos robustos de continuidade de negócios. Além disso, as empresas podem se beneficiar ao se posicionarem como líderes em sustentabilidade e responsabilidade corporativa, o que não apenas fortalece sua reputação e marca, mas também atrai investidores e consumidores conscientes.
Os esforços não devem partir apenas das empresas e governos, mas sim, de toda a população em geral, pois a indústria de seguros tem um papel muito importante a desempenhar. Como uma empresa global de serviços financeiros e seguros, temos interesse em contribuir para a descarbonização da economia global, fazendo parte da solução e integrando riscos e oportunidades relacionados ao clima em nosso negócio principal. Ao considerar sistematicamente critérios climáticos e de sustentabilidade em nossos negócios e investimentos, apoiando nossos clientes na redução de danos e riscos relacionados ao clima por meio de adaptação e desenvolvimentos de baixo carbono, e possibilitando a transição de baixo carbono em nossas próprias operações, investimentos e clientes, estamos comprometidos em ajudar a limitar o aquecimento global para construir um presente e futuro mais seguro, seguro e sustentável para todos.
Abordar os desafios das mudanças climáticas e das catástrofes naturais não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também de sobrevivência e prosperidade a longo prazo para as empresas e pessoas em todo o mundo.
*David Colmenares é diretor geral para a América Latina da Allianz Commercial