Empresas brasileiras enfrentam desafios na gestão de riscos durante internacionalização

Seguros

São Paulo, outubro de 2024 – Nos últimos anos, a internacionalização de empresas brasileiras têm se intensificado, com muitas delas abrindo capital na Bolsa de Valores dos EUA (processo de IPO). Segundo pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC), cerca de 68,9% das empresas brasileiras pretendem explorar novos mercados estrangeiros, com destaque para Estados Unidos, Chile, Portugal e México.

Atualmente, cerca de 34 empresas brasileiras operam na bolsa americana, incluindo gigantes como Suzano, Embraer X, Gerdau, Itaú, Nubank, Petrobras e Vale. Por um lado, essa estratégia pode aumentar lucros, melhorar a competitividade e reduzir riscos devido à diversificação de clientes e parceiros. No entanto, a internacionalização também expõe as empresas a um ambiente regulatório complexo e requisitos de seguros que diferem das normas brasileiras.

Eduardo Toledo, vice-presidente de Resseguros, Speciality e Partners da Alper Seguros, uma das cinco maiores corretoras de seguros do Brasil, alerta para a necessidade de adaptação. “As companhias brasileiras que desejam expandir para novos mercados precisam estar cientes de que o ambiente regulatório em outros países pode ser significativamente diferente daquele ao qual estão acostumadas no Brasil. Isso inclui a necessidade de adquirir seguros compulsórios (compulsory insurance) específicos para cada jurisdição, como o workers’ compensation nos Estados Unidos, que cobre despesas médicas e salários perdidos de colaboradores feridos ou que adoeceram durante o trabalho”.

Além dos seguros compulsórios, muitas empresas enfrentam desafios com o non-admitted insurance, no qual refere-se a apólices emitidas por seguradoras que não possuem licença em um território específico, o que é proibido em cerca de 85% dos países ao redor do mundo. “As empresas que não se adequam a essas exigências podem enfrentar problemas graves, como multas, penalidades e até mesmo processos criminais. É essencial ter uma estratégia bem delineada para lidar com essas questões, idealmente com o apoio de uma corretora que tenha expertise internacional”, explica o executivo da Alper Seguros.

Para mitigar esses riscos, existem três modelos principais de cobertura de seguros para empresas com operações internacionais. Todos os modelos oferecem níveis de cobertura e controle, adaptando-se às necessidades e ao perfil de internacionalização da empresa:

  1. Coordenação local: empresas internacionais podem optar por uma coordenação totalmente local, onde cada subsidiária compra seguro no mercado local através de um corretor independente.
  2. Non-admitted Program: uma apólice única emitida em nome da matriz para cobrir operações internacionais, dispensando apólices locais.
  3. Programa Mundial Controlado (Controlled Master Program – CMP): emite uma apólice master no nível da empresa controladora, aplicável a toda operação internacional, complementada por apólices locais onde necessário.

Toledo destaca que, “optar por um CMP é uma solução sofisticada que muitas empresas adotam. Isso permite uma gestão mais centralizada e eficiente dos riscos, além de garantir conformidade com as exigências locais por meio de apólices específicas”.

O vice-presidente da Alper afirma que a corretora tem experiência em ajudar empresas brasileiras a navegarem por essas complexidades, oferecendo soluções personalizadas que atendem às necessidades únicas de cada mercado. “Nossa atuação global, e a filiação ao Network RISKCO, a maior rede de corretores independentes especializados da América Latina, permite-nos entender e mitigar os riscos associados à internacionalização”, conclui Eduardo Toledo.

A internacionalização, apesar dos desafios, oferece oportunidades consideráveis. Empresas como a SoftExpert, que começou sua expansão internacional em 2000 e hoje está presente em 50 países, destacam a importância de uma abordagem estratégica. “Atuar globalmente com pensamento local e apostar na diferenciação são essenciais para o sucesso”, afirmou Ricardo Lepper, fundador e presidente da SoftExpert, em depoimento ao Economia SP.

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