Há poucos dias, foram anunciadas duas mulheres para comandar as instituições financeiras Caixa e Banco do Brasil. Outra novidade foi a caminhada no tapete vermelho durante a cerimônia de posse do novo presidente do Brasil onde, quebrando o protocolo, as esposas dos representantes foram andando à frente ao invés de atrás dos homens. Ações como essas são importantes porque hoje, no país, mulheres ainda são minoria nos cargos de liderança, somando apenas 38% delas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao mesmo tempo, elas superam em 4,8 milhões o número de homens da população, além de possuírem maior presença e sucesso nos programas escolares.
Segundo Natália Archanjo, advogada e head comercial do Do It Girls Club, comunidade de networking e conteúdo voltada para empreendedoras e executivas, as características femininas não apenas ajudam a melhorar o ambiente de trabalho, como passam a ser requisitos importantes para o mercado. “Para toda regra há exceção, mas as mulheres possuem uma forma de liderar, em geral, diferente dos homens. Tanto é que, atualmente, muitas empresas buscam esses soft skills que as colaboradoras possuem como diferencial na hora de uma contratação”, explica.
A especialista acrescenta que diferentes pesquisas mostram que elas são líderes mais empáticas, conseguem ouvir melhor os liderados, possuem uma comunicação mais assertiva e menos agressiva. “Além disso, são multifacetadas. Mas é importante ressaltar que não estamos glamourizando o fato de uma mulher ter tripla jornada. O que acontece é que, tendo esse histórico de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, ela consegue realizar diversas tarefas sem prejudicar a qualidade da entrega. A sensibilidade também reverbera em pilares como saber dar melhores feedbacks e motivar equipes”, completa.
Ainda assim, Natália conta que o primeiro desafio para mostrar essas habilidades é desenvolver a confiança em si mesma, trabalhando internamente esse aspecto de que ela é capaz e confiando melhor em sua intuição, poder feminino e capacidade de liderar.
O segundo ponto é não tentar se masculinizar quando está num cargo de liderança. “Muitas vezes, as principais referências de líderes dessa mulher são homens e, quando ela chega num cargo de gestão, acaba indo para esse lado”, conta. Outra dica é não ter medo de questionamentos ou novos desafios, demonstrando os resultados em números. Isso significa conseguir metrificar as entregas e falar mais do alcance de metas pessoais. Natália destaca que as profissionais costumam ter dificuldades em assumir créditos individuais pelas suas conquistas.
“Os desafios que as mulheres enfrentam certamente as tornam líderes mais fortes. Por exemplo, as mães ficam mais produtivas no trabalho. Uma pessoa com filhos busca render mais porque, caso contrário, pode implicar um aumento da jornada e tomar o tempo que ela precisa para estar com o filho. Elas se tornam também mais resilientes, já que precisam estudar e se provar mais que os homens”, detalha.
Para aquelas que querem ter seu próprio negócio, Natália ressalta os benefícios de empreender que, apesar dos seus desafios, possibilita escolhas adaptadas de rotina e horários, além da independência financeira. Quer dizer, a empreendedora poderá administrar e adequar seu dia a dia de acordo com as necessidades e ter resultados que levem a essa maior liberdade econômica. “É preciso ter um quê de rebeldia, ser mais ousada e confiante para empreender. Todas as mulheres são capazes. É necessário confiar mais no nosso poder feminino para poder arriscar e tentar”, finaliza.