*Fabricio Visibeli, sócio-diretor de tecnologia e inovação da CBYK
Comentários de empreendedores arrependidos de investimentos realizados em GenIA e IA estão se tornando mais frequentes e, realmente, a taxa de sucesso da implementação de IA caiu de 55% para 47% em apenas 3 anos e apenas 4% das empresas estão obtendo valor real da IA, segundo estudo publicado pela consultoria ZD Analytics. Os demais estariam apenas queimando dinheiro com uma estratégia empresarial dispendiosa.
Segundo o respeitado Gartner Group, uma referência na área de TI, as dificuldades em estimar ou demonstrar o valor das tecnologias de IA para os negócios estão se tornando uma das principais barreiras para sua implementação. Foram consultadas pela consultoria 700 lideranças de TI em organizações que adotaram ou planejam adotar IA.
Mas, embarcar AI e outros recursos tecnológicos em uma empresa não apresenta dificuldades tão novas assim e a história recente mostra uma sucessão de sucessos e fracassos – mas mostra também que as empresas com resultados mais consistentes sempre adotaram as eventuais novas tecnologias. O futuro sempre vem.
Portanto, trata-se de contratar fornecedores e tecnologias que realmente respeitem e se adequem às características e dificuldades do seu negócio, seja na indústria ou no setor de serviços. Um exemplo do uso inteligente da tecnologia é o segmento de seguros, uma das mais antigas atividades que dão suporte aos negócios e às pessoas.
Em minha análise e experiência, a IA multimodal tem o potencial de revolucionar a forma como as empresas tomam decisões. A adoção dessa tecnologia é indicada principalmente quando a organização precisa lidar com dados diversos e complexos ou quando a experiência do cliente e a eficiência interna se tornam prioritárias.
O setor de seguros têm explorado a IA multimodal de maneiras inovadoras, principalmente para aprimorar a análise de riscos, a detecção de fraudes e o atendimento ao cliente. Permite a integração de dados de diversas fontes, como relatórios de sinistros, imagens de satélite, dados meteorológicos, sensores IoT e históricos de clientes. Essa capacidade de fusão de dados possibilita uma avaliação de riscos mais precisa e detalhada, permitindo que as seguradoras desenvolvam produtos altamente personalizados e otimizem a gestão de sinistros. Por exemplo, ao analisar imagens de satélite e dados meteorológicos, as seguradoras podem prever desastres naturais e ajustar suas políticas de cobertura em tempo real.
Além disso, está transformando o atendimento ao cliente no setor. Chatbots avançados e assistentes virtuais, que utilizam processamento de linguagem natural e análise de sentimentos, estão sendo empregados para oferecer suporte ao cliente 24 horas por dia, 7 dias por semana. Esses sistemas são capazes de interpretar e responder a consultas complexas, melhorando a experiência do cliente e reduzindo o tempo de resposta das seguradoras.
No contexto de marketing dentro do setor, a IA multimodal permite uma compreensão mais profunda do comportamento e das necessidades dos clientes. Ao analisar interações em redes sociais, vídeos, imagens e comentários, as seguradoras podem identificar padrões de comportamento e preferências dos clientes. Isso possibilita a criação de campanhas de marketing altamente segmentadas e direcionadas, aumentando a eficácia das ações publicitárias e melhorando o engajamento com o público-alvo.
No entanto, um desafio significativo enfrentado pelas seguradoras (e não somente este setor) é a resistência cultural à adoção de novas tecnologias. Colaboradores e gestores podem hesitar em adotar a IA devido ao medo de perder controle ou impacto em suas funções. Superar essa resistência requer uma comunicação clara dos benefícios da IA e treinamento adequado para os funcionários. Além disso, há a necessidade de contratar especialistas em ciência de dados, aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural para implementar e gerenciar soluções de IA. A integração bem-sucedida dessas tecnologias exige não apenas habilidades técnicas, mas também uma mudança cultural dentro das organizações para abraçar a inovação e a transformação digital. As empresas devem investir em estratégias de mudança organizacional que promovam a aceitação e o uso eficaz da IA, garantindo assim que possam aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas por essas tecnologias avançadas.
*Fabricio Visibeli possui mais de 20 anos de experiência no setor de tecnologia, atuando em bancos, consultoria, varejo e telecomunicações. Com experiência em gerenciamento de equipes e métodos de trabalho globais adquiridos na Espanha, é formado em Ciência da Computação pela FEI, com pós-graduação em Gestão de Projetos de TI pela USP e especialização em Liderança na Inovação pelo MIT. Atualmente, é sócio-diretor na CBYK, desenvolvedora de software e soluções personalizadas de TI.