As recentes mudanças climáticas responsáveis pelos estragos causados ao meio ambiente, patrimônio e, claro, à saúde das pessoas, colocaram o mercado segurador mineiro diante de alguns desafios como, por exemplo, a criação de novas estratégias de mitigação e adaptação, a prática efetiva de responsabilidade social, a conscientização da sociedade e a entrega de proteção efetiva. Corretores e seguradoras buscam soluções efetivas.
A análise de risco no setor depende de uma série de variáveis, mas, tradicionalmente, os dados utilizados para precificar os riscos atuais são baseados em eventos passados. No entanto, diante da realidade atual imposta pela transição climática, surge a discussão sobre como o mercado deve se adaptar para enfrentar essa nova conjuntura.
Para acompanhar a velocidade dos desdobramentos das mudanças climáticas na região, o setor vem acelerando a reformulação das políticas para lidar com o aumento de eventos extremos. Para isso, corretores, seguradoras e especialistas em gerenciamento de riscos testam e exploram novos modelos de seguros climáticos, com o objetivo de antecipar variações perigosas e melhorar a pronta resposta, garantindo, inclusive, maior resiliência econômica.
No sentido de minimizar os impactos, algumas seguradoras estão buscando investir em iniciativas de prevenção, como campanhas de conscientização para produtores rurais sobre práticas agrícolas seguras e a importância de manter aceiros adequados para impedir a propagação de fogo. Além disso, a adoção de tecnologias como sensores remotos e drones têm ajudado no monitoramento de áreas vulneráveis, permitindo uma resposta mais rápida e eficiente a potenciais focos de incêndio.
A atuação do corretor como agente protetor na crise
Neste contexto, de acordo com Gustavo Bentes (foto), presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de Minas Gerais – Sincor-MG, o papel do corretor de seguros vai muito além da orientação básica e da comercialização de apólices. “Como agente protetor de fato em momentos de crise, o profissional corretor traz à tona o instinto de cuidar. Para isso, mantêm-se engajado e atento às causas sensíveis, como o impacto das variações climáticas no meio-ambiente e na vida das pessoas”.
Gustavo também destaca a importância do papel do corretor ao humanizar a relação com seus clientes e com as próprias seguradoras. “Este conjunto de fatores entrega segurança e agilidade tanto para as pessoas quanto para as empresas. Antever situações atípicas é garantir o bem de qualquer natureza e/ou a própria vida”, completa o corretor e executivo do Sincor-MG.
Esforço conjunto entre os setores privado e público
Outros líderes do setor defendem e ressaltam a necessidade de uma colaboração pública, pois os riscos sistêmicos ultrapassam a capacidade das seguradoras de lidar isoladamente com esses desafios. Para Andreia Padovani, diretora da Tokio Marine e presidente do Sindicato das Seguradoras da região (MG/GO/MT/DF), embora existam várias medidas que o setor possa adotar em relação à adaptação e mitigação climática, uma resposta eficaz requer um esforço conjunto entre o setor privado e o público, visando evitar falhas de mercado em larga escala. “A crescente frequência e gravidade dos desastres naturais relacionados ao clima estão impactando significativamente as exposições de risco físico, inclusive, ampliando a lacuna de proteção”, ressalta a executiva.
Em Minas Gerais, a questão climática está sendo abordada por meio de projetos importantes voltados para a energia renovável e a eficiência energética. Iniciativas como as financiadas pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), têm impulsionado a geração de energia limpa no estado, com a construção de pequenas centrais hidrelétricas e usinas solares. Esses projetos não apenas reduzem as emissões de CO₂, mas também promovem a criação de empregos e o desenvolvimento sustentável da região.