Aquisição de carros: por que as vendas estão em baixa?

Finanças

Durante muitos anos, houve no Brasil o famoso carro “popular”, veículo de venda mais acessível que tinha como público-alvo a classe trabalhadora, e um dos grandes fatores que faziam com que eles fossem chamados assim era o preço, que variava entre R$ 35 e R$ 40 mil. Mas com a chegada da pandemia isso mudou, visto que esse tipo de automóvel passou a custar cerca de R$ 66 mil e, com isso, o número de vendas declinou consideravelmente. 

Segundo dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), no ano de 2022, foram negociadas 13.297.958 vendas de automóveis, uma queda de 12% em comparação com o ano de 2021, que tinha registrado 15.106.724 aquisição de carros.  

Segundo o professor do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Cesuca, Filipe Martins, esse cenário de queda nas aquisições de carros ocorreu devido à falta de insumos e mudanças na cadeia produtiva durante a pandemia, tornando as peças mais escassas e, assim, afetando o preço do veículo. Além disso, um fator que se perdura até hoje é a insegurança financeira com o fechamento de muitas atividades econômicas, afetando principalmente a classe trabalhadora. 

“Com o aumento da taxa de juros ficou ainda mais caro para conseguir comprar os veículos. E com a alta do custo de captação de recursos, menos valores de créditos foram liberados para quem os solicitavam, muito pela falta de garantia”, explica.  

Há poucos anos, era possível adquirir um veículo 0Km por R$ 40 mil, agora isso não acontece mais. “Hoje em dia se torna mais viável adquirir um carro seminovo, pois é possível encontrá-los por valores a partir de R$ 20 mil, o que é mais fácil para se planejar. Além do mais, dá para utilizar o carro adquirido em possível troca no futuro, mas sempre é importante pesquisar e não olhar apenas para o preço, como também para as condições do automóvel, pois existem seminovos em excelentes condições, com estado de novo”, afirma Martins. 

O especialista explica que para 2023 a tendência é que as aquisições de veículos seminovos sejam melhores, pois com a alta dos preços nos anos de 2020 e 2021, se espera que os valores comecem a diminuir devido ao excesso de seminovos no mercado, além da expectativa de que a venda de automóveis voltará a ficar mais fácil no futuro. E ainda o fato de que muitos consumidores optaram por não adquirir nenhum carro, fazendo o uso do transporte por aplicativos.  

Quanto ao tempo em que a população comprava carros novos por R$ 40 mil, o professor afirma que, por enquanto, não existe expectativa para que esse cenário volte. “É difícil que neste período com mudanças de mercado tenha alguma modificação ou perspectiva de alteração na taxa de juros no curto prazo que possa inverter a situação atual. Além disso, ainda se vive uma economia pós-pandemia com cicatrizes e inseguranças reais”, explica.  

Como se planejar para comprar carros em 2023? 

Apesar do transporte por aplicativos ser de fácil acesso na atualidade, ter um carro próprio é visto como necessidade por muitas pessoas e, pensando nisso, Martins aconselha reservar parte da renda mensal para pagar o valor de entrada. “E escolher as melhores condições para comprar o veículo com financiamento. Mas, você deve se atentar aos juros”, completa.  

Quanto a renda, o docente afirma que não existe um valor ideal para manter um veículo, mas lembra que o comprador deve escolher um carro apropriado à sua situação financeira. Para isso, é importante pesquisar o valor de manutenção do carro, o consumo de combustível por quilômetros rodados, valor do seguro e IPVA. A partir daí, já se pode escolher o automóvel apropriado para sua renda. 

Por fim, Martins ressalta que o dinheiro investido em um carro nunca é somente para as prestações do mesmo. Segundo ele, há os compromissos com IPVA, seguro e, principalmente, combustível, além das manutenções preventivas para preservação do automóvel.