Programas de mobilidade de carreira reduzem turnover em multinacional

Carreiras

A pesquisa Workplace Learning Report de 2021, promovida pelo LinkedIn, apontou a principal estratégia para atração e retenção de talentos, com potencial não apenas de aumentar o engajamento dos colaboradores, como também de tornar a organização mais estável em momentos de crise. A prática em questão é a mobilidade interna, método que desloca internamente funcionários de uma empresa para outros setores com novas oportunidades, projetos complementares, novas áreas, cargos – tudo com acompanhamento, mentoria, entre outros. A aposta do setor de Recursos Humanos é unanimidade em publicações como Forbes e Harvard Review quanto à eficiência para o sucesso organizacional. Inclusive, outro estudo encabeçado pela plataforma social LinkedIn revela que os profissionais tendem a ficar o dobro do tempo em empresas que promovem vagas internamente. Sob a visão das organizações, mais da metade das companhias (51%) acredita que a mobilidade interna se tornou ainda mais importante com a pandemia. 

A mudança na abordagem estratégica de contratação e retenção dos talentos passou por um grande impacto com a implementação de formatos alternativos de trabalhos, como home office e modelo híbrido. A nova lógica habilitou maior poder de escolha dos profissionais que reavaliaram suas prioridades. A consequência disso foi o fenômeno de turnover, ou seja, pedidos de desligamentos. Inclusive, os índices de turnover no Brasil estão altos e alguns segmentos já enfrentam um apagão de talentos. O novo cenário impõe novos desafios para as organizações e uma solução tem sido a mobilidade interna.

Mercado competitivo: talentos promissores dentro da própria organização

Outra pesquisa promovida pela BCG no fim de 2021 revelou que 50% dos quase 210 mil respondentes estavam abertos à realocação física e setorial. A possibilidade de mudança de cargo ou setor proporciona aos funcionários experiências relevantes e singulares, que melhoram suas habilidades e os auxiliam a conquistar seus objetivos profissionais. “Apostar na mobilidade interna é fundamental para preencher possíveis lacunas de competências. Ao olhar para dentro da empresa para avaliar as habilidades que já estão disponíveis na organização, agrega-se mais valor ao ambiente e os colaboradores se sentem mais valorizados”, explica a diretora de Recursos Humanos da Valmet na América do Sul, Flávia Vieira. Por consequência, ignorar a mobilidade interna pode culminar no aumento do turnover, o que é prejudicial para qualquer negócio. 

Na esteira de quem aposta na valorização dos talentos internos, a Valmet, líder mundial no desenvolvimento de tecnologias, automação e serviços para indústrias de papel, celulose e energia, possui um processo de recrutamento interno ativo há mais de 12 anos. Com uma ferramenta digital que disponibiliza publicamente as oportunidades aos colaboradores, as vagas são abertas worldwide e não possuem restrição de nacionalidade. Ainda, as oportunidades são diversas, com mobilidades por tempo determinado e indeterminado para países da América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia. “Entendemos que a mobilidade interna está entre as melhores formas de retenção de talento, pois estimulamos o desenvolvimento da carreira dentro da organização e não fora dela. Ainda, o learning curve é menor, pois o colaborador já conhece a estrutura organizacional”, complementa Flávia. Nos últimos cinco anos, a Valmet deslocou 40 brasileiros para países como Finlândia, Suécia, Portugal, Tailândia e Estados Unidos. “Destes, 28 foram realocados durante a pandemia”, ressalta. 

Visionária: Valmet possui processos estruturados e suporte para adaptação do colaborador e família 

Silvana Franzoni Ereno trabalha na Valmet há oito anos e atua hoje como Vice-Presidente Administrativo, Supply Chain e Financeiro para Ásia Pacífico da Valmet. Residente na Tailândia e com uma carreira executiva internacional bem-sucedida, ela defende que a mobilidade não engloba apenas o fato de mudar de país ou gestão. “A Valmet oferece diversas oportunidades, mas entendo que a mobilidade só ocorre com um trabalho em equipe. A oportunidade de deslocamento interno significa dupla capacidade: da empresa oferecer e a adaptabilidade do colaborador”. Com 32 anos de experiência e tendo vivido em cinco países diferentes, a executiva entende que a palavra-chave para mobilidade interna é adaptabilidade. 

“Quando mudamos de cargo ou país, isso é mobilidade interna. Mas cabe ao colaborador entender que ser móvel é se adaptar a meios e culturas diferentes. E, para isso, é preciso sair da zona de conforto, entender os riscos e aceitá-los”, complementa Silvana. 

Para isso, a Valmet possui sólido processo para o que chama de “mobilidade receptora” de seus colaboradores. Com esse processo global de mobilidade, a empresa destaca-se por manter uma rede bem conectada entre gestores e colaboradores. “Para facilitar a adaptação do funcionário no novo local, orientamos em questões como moradia, escola e, até mesmo, aprendizado do idioma local. Nosso mindset é: retemos o colaborador proporcionando novas experiências. Queremos que nossas equipes se sintam valorizadas”, afirma Flávia. 

“Que bom que perdemos a Denise para a própria Valmet”. Com esse relato, a Engenharia de Qualidade, Denise Andrade, compartilha sua experiência de mobilidade interna. Há dois meses foi para Portugal e hoje trabalha na unidade Valmet localizada em São João de Ovar. A colaboradora destacou especialmente o suporte e apoio organizacionais detalhados. “O processo de chamamento também é dialogado e feito em conjunto entre a Valmet e o colaborador. Não é mandatório”, detalha. Inclusive, é com diálogo que a empresa irá entender o porquê da vontade de mudança, analisar a carreira do interessado até então e encontrar, em conjunto, a melhor saída para essa migração.  

Mário Holzmann e Diego Fernandes também são dois brasileiros que se mudaram durante a pandemia. Ambos destacam o processo sempre em acordo e estruturado, sem nenhuma abordagem impositiva. “Pude escolher o mês que queria me mudar”, explica Diego que vive hoje na Suécia e atua como Gerente de Projetos. Mário, por sua vez, trabalha em Portugal e ressalta como a Valmet investe no quadro de colaboradores e oportuniza o desenvolvimento das pessoas. 

A diretora de Recursos Humanos da Valmet na América do Sul compreende que a prática de mobilidade interna é uma ferramenta focada no colaborador e visa conectar habilidades e competências com oportunidades dentro da própria organização. “Não queremos jamais perder talentos. O mercado está cada vez mais competitivo e entendemos que ao viabilizar oportunidades de crescimento e desenvolvimento, só ganhamos! O processo de recapacitação interna é fundamental”, diz. Cabe destacar que a contratação externa também é saudável, visto que auxilia na oxigenação da organização e atrai novos talentos. 

“Nosso diferencial competitivo são as pessoas. Por isso, sempre focamos no desenvolvimento e atualização das habilidades da nossa equipe. A portabilidade do conhecimento da nossa equipe dentro da nossa empresa será sempre muito bem-vinda e estimulada” finaliza Flávia.