Especialista em Direito Internacional, Daniel Toledo explica o que não pode ficar de fora do planejamento de quem quer mudar de país.
Segundo informações do Ministério de Relações Exteriores, em 2020, havia 1,8 milhão de brasileiros morando nos Estados Unidos. No ano seguinte, 17% das pessoas que migraram para lá não voltaram, o maior número já observado pela Polícia Federal. Em 2019, por exemplo, essa parcela foi de apenas 5%. Mas não basta ter um sonho e um visto na mão, como explica Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo e Associados e sócio do LeeToledo PLLC, escritório de advocacia internacional com unidades no Brasil e nos Estados Unidos.
“Com 20 ou 30 mil dólares, uma pessoa pode abrir um negócio no Brasil e falar com um profissional para orientar sobre cursos e especializações. Com esse valor, é melhor começar a vida na terra natal do que nos Estados Unidos. Isso porque o migrante chega com a família de cinco membros, por exemplo, e precisa de um aluguel com o mínimo de três quartos, o que vai custar cerca de 1.200 a 1.400 dólares (em um local barato). E para conseguir o contrato de locação, é preciso dispor de três vezes esse valor, no mínimo. Essa soma inclui primeiro e último depósitos, além do seguro. Isso significa 4.500 dólares mais a taxa do condomínio que são mais 200 a 300 dólares”, conta.
Mas essa conta não para por aí. Daniel recorda que há também pagamentos como internet, TV à cabo e móveis para a casa, o que pode sair cerca de 8 mil dólares, considerando valores baixos. “Essa família de cinco pessoas vai ter um custo mensal médio de 2.500 dólares, mais 500 de prestação de um carro, 200 de seguro, 500 mensais de alimentação e variáveis como plano de saúde, lazer e viagens. Para se ter uma ideia, certa vez eu fiz uma cirurgia no dente e foram 7.800 dólares”, recorda.
Outro tópico a se levar em consideração no momento de colocar o projeto no papel é o tipo de visto. Se for de estudante, por exemplo, há 1.500 dólares iniciais para realizar um curso, além da mensalidade de 500 dólares. Se o visto for de trabalho e o imigrante morar em um lugar mais simples, vai ter a despesa com automóvel, combustível e variáveis como manutenção do carro. “Pensando ainda no cenário da família com filhos, quem fica em casa com as crianças, também vai precisar de um veículo”, destaca.
Vale lembrar que, mesmo com salários que proporcionam maior poder real de compra do que no Brasil, um levantamento do jornal The Economist mostrou que Nova York foi considerada a oitava cidade mais cara do mundo em 2020 em relação a seu custo de vida. São Paulo e Rio de Janeiro ocuparam a 119ª posição.
“O sonho de morar nos Estados Unidos para ficar milionário ou arrumar um emprego de 10 mil dólares e enriquecer rápido não existe atualmente. Há pessoas que conseguiram o Green Card, mas que trabalham em dois restaurantes para, na soma final, ganhar 4.600 dólares – porém em um expediente de 15 horas por dia, o que pode gerar outros problemas a médio e longo prazo”, conclui.