Entenda o que está por trás do desempenho dos ativos listados na B3.
O desempenho das ações na bolsa de valores está atrelado a uma série de fatores, que vão desde crises setoriais até os reflexos de políticas monetárias. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os investidores devem compreender essa dinâmica para realizarem escolhas mais assertivas na hora de elaborar a carteira de investimentos.
No dia 26 de setembro, as ações que integram o índice Ibovespa da B3 tiveram uma queda generalizada. Apenas três ativos alcançaram um desempenho positivo, mas inferior a 1%, que foram São Martinho (SMTO3), Qualicorp (QUAL3) e Klabin (KLBN11).
Até mesmo gigantes como a Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR3; PETR4) tiveram os valores das ações impactados. A justificativa do mercado financeiro foi a perspectiva de desaquecimento econômico global, que estaria provocando a retração dos setores de minério de ferro e petróleo.
As bolsas norte-americanas também vivenciaram a queda. Paralelamente, os indicadores europeus não foram os mais animadores. O cenário internacional contribuiu para aumentar a preocupação dos investidores brasileiros.
Com o aumento do dólar e dos juros futuros, a maior parte dos ativos que compõem o Ibovespa não resistiu. Na lista estão nomes tradicionais do setor financeiro, como Banco do Brasil (BBAS3) e Itau Unibanco (ITUB4), e do varejo, como Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3).
Queda dos FIIs
E não são apenas as ações que sofrem interferência das oscilações econômicas. Em junho, o Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix) amargou seis quedas consecutivas.
O desempenho foi observado pela retração dos seguintes fundos de investimentos imobiliários (FIIs): o Hectare CE (HCTR11), o RBR Properties (RBRP11), o Hedge Brasil Shopping (HGBS11), o Iridium Recebíveis Imobiliários (IRDM11) e o Versalhes Recebíveis Imobiliários (VSLH11).
Os FIIs são considerados pela Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) como a principal alternativa para os pequenos investidores ingressarem na Bolsa de Valores, pois além de valores acessíveis, também são considerados investimentos mais seguros em relação às ações, por exemplo.
Por conta dessas características, os FIIs disputam o interesse dos investidores diretamente com os produtos de renda fixa, como os títulos públicos do Tesouro Direto e os Certificados de Depósito Bancário (CDBs).
Segundo informações do mercado financeiro, a queda no desempenho dos FIIs esteve associada à política monetária de elevação da taxa básica de juros Selic, realizada nos últimos meses.
Na tentativa de conter a inflação no país, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizou consecutivos reajustes na Selic, o que favoreceu a rentabilidade dos investimentos de renda fixa.
Recomendações ao investidor
Os episódios recentes mostram como as variações econômicas internacionais e nacionais impactam diretamente no comportamento dos investimentos.
Por isso, a Anbima orienta que, antes de definir como alocar os recursos financeiros, os investidores estudem sobre o mercado e as características dos produtos financeiros, como rentabilidade, segurança e liquidez.
A Abefin explica que, quando se investe em ações, o investidor torna-se sócio do negócio. Dessa forma, também é aconselhável buscar informações sobre o nicho de atuação e a gestão do empreendimento.
Crises setoriais, ciclos de baixas das commodities e situações que impactam negativamente a reputação de uma firma – como envolvimento em fraudes, escândalos de corrupção, desvios de dinheiro e outros atos ilícitos – também contribuem para o desempenho negativo das ações.